Arquivo | março, 2012

Siga o Mestre

20 mar

“O aluno não ensina ao mestre. O importante é escolher com cuidado aquele que será o seu mestre”

Desde pequenos tomamos para nós mestres. Pessoas que nos inspiram, professores que nos ensinam, gente geralmente mais velha que nos aponta – ou é a própria – referência. À medida que os anos passam essas imagens parecem esvanecer, sendo todas reunidas no lugar em que são guardadas as boas memórias.

Uma vez aprendi que na tradição religiosa judaica era bastante comum haver pessoas seguindo um mestre. E na história desses judeus, “seguir” era levado ao pé da letra. Ao longo de suas vidas os homens eram preparados para tal tarefa e, quando qualificados, ao atingirem a idade adulta, eram chamados a seguirem um mestre. Dali em diante, andariam por onde o mestre andasse e aprenderiam a fazer tudo exatamente como ele fizesse.

Por caminharem juntos longas distâncias – o mestre à frente e o aprendiz logo atrás – era costumeiro ao discípulo ouvir a expressão: “Que você seja coberto pela poeira do seu mestre”. Isso significava poder aprender tudo o que lhe era ensinado.

E nós, hoje? Quais mestres escolhemos para nós? Em quais fontes procuramos beber? O que tomamos como referência? Ou, raciocinando inversamente, estamos cobertos por uma poeira que vem de onde?

 

“As palavras que digo não são meros adendos ao seu estilo de vida, como a reforma de uma casa, que resulta em melhora de padrão. Elas são o próprio alicerce, a base de sua vida”. Palavras ditas por Jesus Cristo, o Mestre que escolhi seguir.

 

 

(Referências: Evangelho de Lucas 6:39-49; “Dust” – Rob Bell)

O que conta e o que pode ser contado

5 mar

Nem tudo que conta, pode ser contado, e nem tudo que pode ser contado, conta

Tem também aquela dos três operários que tiveram que responder a um passante o que estavam fazendo. O primeiro disse, “Estou assentando tijolos”. O segundo, “Estou correndo atrás do leite das crianças”. E o terceiro foi bem mais longe, “Estou construindo uma catedral”.

Verdade verdadeira que quanto mais abrangente a consciência a respeito do seu trabalho, mais dignidade e motivação você encontrará nas tarefas do dia-a-dia. O fato é que o Nietzsche tinha mesmo razão: “somente quem sabe o porque da vida é capaz de suportar-lhe o como”. Poderíamos ampliar essa idéia para, “quanto mais nobre a motivação, mais leve o trabalho”, ou “quanto maior a motivação, menor o sacrifício”.

Trabalhar é expressar talento, fazer algo que presta para um montão de gente, o que dá aquela maravilhosa sensação de “eu faço diferença”.

Apesar da beleza dos conceitos trabalho, a maioria trabalha mesmo é para ganhar dinheiro. Convenhamos que é muito difícil passar a tarde atrás de um guichê e na frente de uma fila interminável que se arrasta, e fazer isso acreditando que o mundo vai ficar melhor quando a fila acabar.

Chegamos numa encruzilhada. Não podemos abrir mão da dimensão que alinha o trabalho e a vida profissional com nossos valores e crenças mais profundas. Mas não são raras as vezes quando não conseguimos enxergar qualquer relação entre o que fazemos durante a maior parte do nosso tempo acordado com aquilo que realmente importa.

O significado do trabalho não está necessariamente em atender a fila, redigir uma petição ou planejar o lançamento de um novo produto. Evidentemente, o mundo seria um caos se essas e milhões de outras coisas não fossem feitas. Mas o segredo não está necessariamente na atividade. Existem outros alicerces para que seu trabalho seja uma fonte de satisfação e seja redimensionado para significados perenes. Você deve focalizar não apenas o que você faz, mas também e principalmente como você faz, o ambiente onde você faz, as pessoas com quem você faz, as recompensas que você alcança depois que faz.

Então a coisa é a seguinte. De vez em quando você tem certeza que está construindo uma catedral, outras vezes está apenas assentando tijolos e na maioria das vezes está defendendo o leite das crianças e uma aposentadoria confortável. Mas qualquer que seja sua atividade profissional e seu ambiente de trabalho, sempre é possível fazer as coisas com integridade e qualidade, expressar talentos e canalizar capacidades de maneira útil visando beneficiar o maior número possível de pessoas, cultivar bons e agradáveis relacionamentos, somar recursos e amealhar riquezas que poderão ser desfrutadas e compartilhadas. Basta levantar os olhos dos fatos e das atividades tangíveis e visíveis, pois como Einstein fez questão de registrar no aforismo afixado na parede de seu gabinete “nem tudo que conta, pode ser contado, e nem tudo que pode ser contado, conta”.

 

(Trechos extraídos do artigo “O que conta e o que pode ser contado”, de Ed René Kivitz)